Cerca de 300 manifestantes fizeram ato em frente ao Congresso. Encontro na UnB discutiu realização de obra da usina hidrelétrica.
Dez representantes de um grupo formado por cerca de 300 índios e ribeirinhos da região do Rio Xingu, do Pará e Mato Grosso, além de estudantes, ambientalistas e artistas, entregaram à Presidência da República um abaixo-assinado contra a construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte.
Segundo os manifestantes, o documento tem cerca de 500 mil assinaturas, e foi entregue ao secretário-executivo da Presidência, Rogério Sottili, e ao secretário de Articulação Social, Paulo Maldos.
Ministro-chefe em exercício (Gilberto Carvalho participa do Fórum Social Mundial, no Senegal), Sottili se comprometeu a levar o relato do encontro e o documento à presidente Dilma Rousseff, segundo informe divulgado pela assessoria do ministério.
Segundo ele, o governo manterá o diálogo com os movimentos sociais. "Quero que vocês vejam o governo como um parceiro. Podemos não chegar a um consenso, mas vamos construir as políticas por meio do diálogo", disse.
Os manifestantes se reuniram na manhã desta terça (8) em frente ao espelho d’água, no Congresso Nacional, para exigir também que o governo federal avalie uma carta assinada por aproximadamente 30 especialistas de universidades brasileiras, como Federal do Rio, Federal do Pará e Universidade de São Paulo, com argumentos científicos que desaconselham a obra.
“O barramento do Xingu seria a morte do ecossistema e da agricultura familiar de todo povo tradicional de lá. Assim, além de perdermos nossa cultura, estaríamos levando nossos filhos para serem bandidos e assassinos, já que é isso que a periferia de Altamira representa”, afirmou a ribeirinha e representante do movimento "Xingu vivo para sempre", Ana Alice Plens.
As pretensões do governo são de investir cerca de R$ 19 bilhões no empreendimento, que terá dois reservatórios de água de 516 quilômetros quadrados cada um.
Se construída, Belo Monte terá a primeira unidade geradora entrando em operação comercial a partir de fevereiro de 2015 comuma capacidade instalada de 11,2 mil megawatts, o que a tornaria a terceira maior hidrelétrica do mundo, atrás apenas de Itaipu (na fronteira entre Brasil e Paraguai) e Três Gargantas (China).
A questão voltou a ser debatida após o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) conceder, no fim de janeiro, licença que autoriza a instalação dos canteiros de obra, acampamentos de operários e até a implementação de estradas necessárias para dar início às obras.
Líderes indígenas da etnia Kayapó, que participaram da manisfetação, estiveram nesta segunda-feira (7) em um seminário organizado pela Universidade de Brasília (UnB), que propunha o debate sobre os impactos da hidrelétrica na vida dos moradores da região e aproveitaram a oportunidade para pressionar o governo a cancelar a realização da obra.
"Nós fomos enganados. Sou contra a usina e vou defender nossas florestas e nosso povo até o fim", disse o líder Kayapó Raoni Metyktire.
Também líder dos Kayapós, Yabuti Metyktire, enfatizou que não pretende "ceder" e abrir mão do que chamou de "nossa terra". "Eles defendem aquele PAC, mas nem que encham esse auditório de dinheiro vou abrir mão de nossas terras", completou, se referindo ao auditório do Memorial Darcy Ribeiro, na UnB, onde o evento aconteceu.
O seminário ouviu opiniões de indígenas, representantes de movimentos sociais e especialistas sobre os danos que a usina poderia causar à região e aos seus habitantes caso seja construída e debateu eventuais alternativas para o projeto, como a utilização de energia eólica (produzida através de hélices que giram quando em contato com o vento) e a solar.
Fonte: G1